segunda-feira, 11 de março de 2013

Armados e desarmados

Armados e desarmados

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 20 de fevereiro de 2013


"O Homeland Security está distribuindo às escolas, igrejas, clubes e outras instituições um vídeo em que ensina como reagir a um invasor armado de pistola, rifle ou metralhadora. Receita número um: saia correndo. Número dois: esconda-se debaixo da mesa. Número três: ataque o sujeito com uma tesoura, um hidrante, um cortador de papéis, um grampeador ou algum outro instrumento mortífero em estoque no almoxarifado. E assim por diante . (Não é gozação minha. Veja em http://www.youtube.com/watch?v=5VcSwejU2D0


A hipótese de manter um guarda armado ou de permitir que funcionários habilitados portem armas não é nem mesmo mencionada. É exorcizada. Há lugares, é claro, onde o exorcismo não funciona: a comissão de educadores da cidade de Newtown, aquela onde duas dezenas de crianças morreram assassinadas por um atirador alucinado, já declarou que vai seguir a sugestão da National Rifle Association e não as lições sapientíssimas do Homeland Security.

Para sua própria proteção, é claro, o Homeland Security apela ao remédio exatamente inverso daquele que recomenda aos outros. Alegando, vejam só, "defesa pessoal", o departamento acaba de comprar sete mil fuzis AR-15 – aquele mesmo que o governo quer tomar dos cidadãos – e dois bilhões, sim, dois bilhões de balas hollow point, daquelas que espalham estilhaços no corpo da vítima. Essa munição é proibida para uso militar pela Convenção de Genebra, só podendo ser usada, portanto, contra a população civil. O inferno não está cheio só de boas intenções.

O presidente tem boas razões para apostar todas as suas fichas no Homeland Security, já que o pessoal das polícias estaduais não está nem um pouco assanhado para desarmar os americanos e muito menos para atirar neles.

Em vários Estados, as associações de xerifes já declararam que, se algum agente federal aparecer por lá para tomar as armas dos cidadãos, vão simplesmente prendê-lo.

Outro dia, o repórter Jason Mattera encostou na parede um dos mais fanáticos desarmamentistas, o prefeito novaiorquino Bloomberg, ao surpreendê-lo circulando pela cidade com cinco seguranças armados, mas não conseguiu obter dele uma resposta à pergunta: "Por que diabos você tem o direito de se proteger, e nós não?" Em vez de responder, o prefeito mandou um dos seguranças seguir o repórter para assustá-lo.

São essas coisas, que constituem o arroz com feijão das conversações populares na América hoje em dia, que a grande mídia americana tenta esconder do seu público, ainda que não o consiga. Por que faz isso? É simples: noventa por cento dos leitores e telespectadores estão nas mãos de apenas seis empresas – GE, Newscorp, Disney, Viacom, Time-Warner e CBS –, das quais somente uma, a Newscorp, não está totalmente a serviço do esquema obamista, embora o esteja pela metade".

Carta de um Jovem Viciado

"Meu Pai,

    Acho que ninguém fez seu próprio necrológio.Mas sei como vai recebê-lo. Preciso de forças... enquanto é tempo. Sinto, pai, que este será nosso último diálogo.
    Pai, é tempo de verdade, coisa que você nunca soube.Vou ser breve. O tóxico me matou. Conheci meu assassino aos 15 anos. É horrível, pai. Como iniciei? Foi um cidadão elegantemente vestido. Falava bem. Apresentou-nos ao nosso assassino. O tóxico. Tentei, tentei mesmo recusar. Mas ele mexeu com meus brios. Disse que não era homem... Ingressei no mundo da droga. De início, torturas, devaneios; depois, escuridão. O vício estava presente em minhas ações. Depois, a falta de ar, o medo, as alucinações. Ás vezes parecia ser mais gente do que os outros... e meu amigo inesquecível, inseparável, sorria, sorria... Pai, no inicio, a gente acha tudo engraçado... e ridículo! Até Deus parecia ridículo. Hoje, no hospital, reconheço, que Deus é o ser mais importante do mundo.Sem a ajuda de Deus,pai,não lhe estaria escrevendo. Os jovens devem, saber... não entrar nessa... Não posso dar três passos. Fico cansado. Os médicos afirmam que ficarei curado,mas no corredor vejo que balançam a cabeça negativamente. Tenho 19 anos, pai! Ao senhor,meu último pedido: mostre esta carta aos jovens que o senhor conhece. Diga-lhes que,em cada porta de colégio, cursinho, universidade, outros lugares, há sempre um senhor bem vestido,bem elegante, para apresentar o futuro assassino, o destruidor de vidas, que levará a loucura e a morte, assim como eu... Pai, por favor! Faça isso... antes que seja tarde demais.
Perdão! pai, por fazê-lo sofre".

Aluno do curso de Engenharia Mecânica da USP. Ao terminar a carta, teve poucas horas de vida.

Publicado no Jornal O Povo de 31/03/87, coluna "Opinião do Leitor", sob o título Alerta, assinado pelo Sr. José Newton Brasil.